giovedì 2 novembre 2017

10 coisas que aprendi sobre a Itália e os italianos



1. É normal comer antepasto, uma massa (primo priato), seguir com uma carne ou salada (secondo piato) e arrematar com a sobremesa e café! Esse ritual leva horas e é levado muito a sério por eles.

2. As pessoas querem saber TUDO sobre a sua vida. Perguntas como quantos anos você tem, se é casada ou com o que trabalha são feitas logo de cara quando conhece alguém. E aqui ninguém considera isso falta de educação.

3. Eles adoram passar calor. No inverno, o aquecimento fica no máximo e, no verão, nem pensar em ligar o ar condicionado!

4. O italiano continua falando italiano mesmo quando fala outra língua - especialmente inglês. Eles simplesmente ignoram o som do H nas palavras e nem sequer se dão conta que existe uma diferença! É normal ouvir pérolas como ELP (help) e appiness (happiness).

5. Café é expresso. Literalmente, curto e grosso. O que os americanos e brasileiros tomam é chamado aqui de água suja.

6. Você só será capaz de falar italiano bem quando aprender a gesticular. A linguagem corporal é tão importante quanto a falada e é imprescindível para entender de verdade a língua.

7. A forma tradicional das casas italianas, o cortile, fala muito sobre o estilo de vida deles. São várias casas voltadas para um pátio central comum, facilitando a integração das famílias e, é claro, a monitorização da vida de todos!

8. Por mais machista que a sociedade italiana pareça, quem manda sempre é a esposa. Os maridos não têm vergonha de admitir que a donna é sempre responsável pela maioria das decisões na casa.

9. Eles são muito mão fechada! Até com o dinheiro alheio. Se você comprar uma coisa que eles acham que não teve necessidade, eles lhe dirão! Já ouvi bastante gente contando, por volta dos 60/70 anos, que quando eram crianças as famílias passavam fome. Mais recentemente, era comum o racionamento de energia e de água.

10. A Itália é o melhor país do mundo. E tudo que é produzido aqui é melhor! Sim, eles são extremamente nacionalistas, mas não de uma forma arrogante. Eles têm orgulho do seu país e do que produzem, passam as tradições adiante e ensinam seus filhos sobre as dificuldade que já passaram. Como estrangeiro, eles só esperam que você tenha um pouco de admiração pelo que eles consideram o melhor lugar do mundo pra viver!

E você? O que aprendeu sobre os italianos?

Normativa EURO para emissão de poluentes

Oba, você finalmente comprou um carro e está todo feliz andando pra cima e pra baixo! Claro, um pouco mais pobre já que pagou o seguro obrigatório e a marca da bollo, mas tá felizão! A Ludovica foi nossa primeira macchina vecchia italiana - e deixou saudades...
Aí, um belo dia você dá de cara com um aviso no jornal assim:


Aí você não dá bola, na verdade, nem lê direito, já que seu italiano ainda não é aquela coisa toda, né?
Pois bem, eu vim aqui pra contar que a coisa é séria! Sim, você pode ser multado se estiver com seu carro fora das especificações ou se estiver com o seu carro poluente em dias proibidos!

COMO ASSIM? SAÍ DE SÃO PAULO MAS RODÍZIO VEIO COMIGO?

Calma, vou explicar tudo certinho.
Com o objetivo de diminuir a poluição do ar causada pelos automóveis, a partir de 1991, a União Européia publica periodicamente novas normativas com relação às emissões perigosas, seja para carros à gasolina que à diesel.
A normativa classifica os automóveis com a sigla EURO seguida de um número que corresponde à tecnologia anti-poluição do ano em que o carro foi fabricado.
Na categoria EURO 0, entram os carros produzidos antes de 1991 alimentados à gasolina sem catalizador e os alimentados à óleo "não ecodiesel". É a categoria mais penalizada, não tendo direito de circular na maior parte dos centros urbanos.
EURO 1 entrou em vigor em 1993 e compreende os primeiros automóveis com catalizador e injeção eletrônica.
EURO 2, de 1997, diminuiu a tolerância com as partículas poluidoras emanadas pelos carros.
EURO 3, de 2001, introduziu o sistema EOBD, que permite um melhor controle da emissão de partículas.
EURO 4, de 2006, iniciou a introdução de um sistema anti particular que se tornou obrigatório a partir do EURO 5, de 2011.
O último, EURO 6, de 2015, foi a última normativa e diminui drasticamente a contagem de partículas aceitas.

Bom, se seu carro foi à gás, GPL ou Metano? Fique tranquilo, nesse caso ele não entra na classificação e você pode rodar à vontade por aí.
Ahh, então melhor comprar uma vespa mesmo, né? Não! Também para as motos e ciclomotores existe uma regulamentação.

EURO 1 - após 1999
EURO 2- após 2003
EURO 3- após 2006

E como eu faço pra saber a classificação do meu carro ou moto? No livreto do carro tem a normativa que ele segue, logo você dá uma checada aqui nesse quadro e fica sabendo tudinho sobre ele.

E esse aqui para motos...


Agora que você já sabe o que significa, fique de olho nos jornais da sua região, principalmente no inverno, quando a qualidade do ar piora muito em várias cidades devido ao frio.


A proibição costuma ser das 8 às 19hs em dias de semana e sábados. Mas fique ligado para eventuais mudanças exclusivas da sua cidade!
Diante de tudo isso, bom mesmo é andar de bicicleta - já que o único combustível é aquela bordinha de pizza que se alojou no seu quadril!

lunedì 9 ottobre 2017

Os supermercados: tudo que você precisa saber

Como vocês já sabem, moro em Brescia, uma cidade lombarda de 200 mil habitantes entre Verona e Milão. Hoje resolvi escrever sobre os supermercados da região e as diferenças entre eles. Com certeza, são supermercados que você encontra em boa parte da Itália, aguns até em boa parte da Europa.



Vou categorizá-los como eu os vejo para dar uma idéia do que encontrar em cada um, certo?

# Os hipermercados

São os maiores supermercados da região, vendem de ovos à celular. Em geral, possuem um complexo com outras lojas e praça de alimentação em anexo.



Começando pelo mais famoso, no Auchan você encontra uma gama imensa de todo tipo de coisa. Apesar de não ter leite condensado, tem uma sessão de produtos típicos de várias partes do mundo onde tem até erva mate. Existem caixas self-service muito práticos. O cartão é feito na hora e não custa nada, ele ainda dá pra você alguns descontos especiais.


Na mesma linha do Auchan, porém um pouco menor e menos organizado.

# Os supermercados da esquina

Nessa categoria, aqueles supermercados que não são muito grandes, estão sempre à mão e tem todo o necessário para o dia-dia.

O Simply é, na verdade, uma miniatura do Auchan. Pertence à mesma empresa e você pode encontrar nele os produtos de marca própria do Auchan numa versão reduzida do mesmo.
Esse é o supermercado da esquina da minha casa. A padaria é fantástica, tem uma variedade razoável de coisas embora o preço seja um pouco mais alto que o de muitos supermercados. Para usar o caixa self-service, você precisa do cartão do supermercado que também é feito na hora com um documento e o comprovante de residência. Vale ressaltar que tem leite condensado!
O COOP é uma cooperativa como o nome sugere. Sendo assim, se você quiser fazer o cartão do supermercado, deve se cooperar e pagar 20 euros que serão convertidos em produtos. É um supermercado que eu, pessoalmente, vou pouco, por isso tenho pouco para comentar.

# Os super baratos

São os meus favoritos! Embora desorganizados e sempre cheios, você encontra quase tudo por um preço MUITO menor do que o praticado pelos outros supermercados. Existem coisas ruins, coisas iguais e até coisas melhores, é um jogo de experimentação. Todos os supermercados produzem um "volantino" com as ofertas da próxima semana e, sobretudo no caso desses mercados populares, vale a pena acompanhar o folheto para planejar bem as suas compras.


LIDL: O pesadelo do meu marido, mas a minha alegria! Tem uma variedade razoável de produtos e um preço excepcional. Ainda conta com uma sessão de "variedade", onde você pode encontrar desde tapetes para o carro até vinhos importados por um preço muito convidativo. A grande desvantagem é que realmente está sempre cheio e tem poucos caixas disponíveis. Os caixas self service e o cartão de fidelidade não existem por aqui.


Na mesma linha do LIDL, são mercados populares. Você encontra excelentes ofertas e abastece a casa sem fazer um rombo na conta. A maior desvantagem para mim é que ficam fora da cidade (onde podem conseguir um aluguel mais barato, tornando menor todo o custo operacional do mercado).

# Frutas

As frutas nos supermercados não costumam ser maravilhosas. Se você puder escolher, as bancas de frutas dos bairros costumam oferecer produtos de melhor qualidade com preços mais baixos.

# Queijos, presuntos e salames

Se você quer mesmo experimentar coisas diferentes, vá à feira semanal. Lá vai encontrar barracas de todos os tipos de coisa direto do produtor. Aproveite e se informe sobre a origem e a história de cada produto com o vendedor, é realmente uma viagem cultura.

# Produtos típicos

Você é desses que não vive sem polvilho ou morre por um chocolate Garoto? Em quase todas as cidades grandes da Itália você encontra mercadinhos brasileiros. Se não for o caso da sua cidade, dê um pulo nos mercados asiáticos e indianos. Há grandes chances de encontrar o que procura por lá...

# Dicas importantes

Leve suas sacolas ou caixas - essa é a dica mais preciosa já que as sacolas são cobradas a parte.
Evite horários de pico - em especial, nos supermercados populares!
Os estacionamentos são sempre gratuitos, não se preocupe com a nota ou o valor da compra.
Para pegar os carrinhos, você deve colocar uma moeda de um ou dois euros - que será restituída assim que ele for devolvido no seu lugar.
Pretendo fazer um post logo mais sobre a pesagem das frutas e verduras e o funcionamento do caixa self-service para deixar tudo claro.

Ufa! Parece muita informação? Não se preocupe! Faça turismo nos supermercados, passeie e conheça as suas sessões. Com o tempo você vai saber que a água mineral do Esselunga tem menos sódio, o seu chocolate favorito só vende no Auchan e que você ama mesmo é aquele espumante baratinho do LIDL!

Um ano de Itália

No último dia 28 de setembro, eu e meu marido completamos um ano de Itália. Há um ano chegamos em Brescia cheios de sonhos e inseguranças, corações aflitos, longe de todos que amávamos.
Pensando bem, acho que nossos amigos tinham um pouco de razão quando diziam que éramos loucos. Abrimos mão da casa própria, do carro novo, do emprego bom, mas mais do que tudo, abrimos mão da segurança de estar na nossa zona de conforto.
A crise no Brasil, a crescente violência, a iminência de perder o emprego, tudo isso era a desculpa perfeita. Em 2010 passamos um ano na Bélgica e tivemos que voltar para que eu terminasse a faculdade. A verdade é que desde esse regresso "forçado" nossos corações estiveram sempre batendo no velho mundo.
Pois bem, como eu ia dizendo, nós viemos. 
Lembro bem de estar dentro do avião sem conseguir dormir, pensando em tudo que mudaria. Mesmo que estivesse preparada para todo tipo de mudança, ainda estava longe de imaginar o desafio que teria pela frente.
Logo na primeira semana, foi a língua. Eu, super tagarela, não conseguia me comunicar apesar de falar português, francês e inglês com fluência. Apesar de um mês de aulas particulares de italiano, mal podia comprar pão. 
Em seguida, nos deparamos com um obstáculo que tem se mostrado até hoje difícil de transpor, a burocracia italiana. Se você acha que tem PhD em burocracia porque é brasileiro, amigo, você não conhece a Itália! Nada demora menos de um mês. NADA. Quer registrar seu endereço no comune? Um mês. Quer fazer sua carteira de saúde? Um mês. Transcrever sua certidão de casamento? Um mês. 
O que mais me tirava do sério não era nem a demora, mas a falta de uniformidade nas informações. Um dia era um documento, no outro eram dois documentos e no terceiro dia não precisava mais de nenhum papel. Ainda engatinhando na língua, tínhamos a missão de arrumar todos os documentos, entrar nos órgãos públicos com um sorriso no rosto com frases ensaiadas no Google Translator.
Quando finalmente tínhamos tudo pronto, não demorou até o João encontrar um emprego na área dele. Indicação de um amigo, é claro. Afinal, aqui na Itália tudo, absolutamente tudo, depende de sua rede de contatos.
Foi nessa fase que tudo ficou mais difícil para mim, Mariana. Eu, médica, cirurgiã, hiperativa, independente. Eu, sozinha, longe da família e da minha profissão, eu tentando enfrentar um inverno gelado que acontecia com mais rigor dentro de mim do que lá fora.
Veio a primavera e de repente nada mais parecia tão difícil como antes. Tinha o apoio do meu marido, tinha os primeiros passos na validação do meu diploma, tinha finalmente alguns amigos com quem eu podia falar na minha própria língua sem rodeios. E assim como as águas de março fecham o verão brasileiro, minhas lágrimas abriram uma nova fase aqui. 
Se eu me arrependo? Nem por um segundo! Me sinto mais forte, mais sensível e mais empática, sou mais paciente e menos ansiosa. Acima de tudo, sinto que estou exatamente onde deveria estar. Claro que estamos longe da perfeição. Existe um longo caminho para seguirmos, em especial a validação do meu diploma e o meu esperado retorno à profissão que faz parte de mim. Mas enquanto esse dia não chega, sou feliz e muito grata por ter tido coragem de tomar essa decisão.
Como ouvi de uma amiga expatriada como eu, não viajo para confirmar as minhas crenças, eu viajo para me desafiar, para reaprender e me desconstruir!
Muito obrigada à você que está lendo esse texto e nos acompanha nesse blog, você também fez parte da nossa história durante esse ano cheio de aventuras!

mercoledì 27 settembre 2017

Brescia também tem castelo!

Depois de andar por todo o norte da Itália com a família, não podia deixar de levá-los no lugar mais famoso da cidade onde moramos: o castello di Brescia.
Já fomos nesse lugar inúmeras vezes, mas é impressionante como cada vez o vemos de um novo ângulo conforme mudam as estações do ano.


 A entrada do castelo se dá através do impotente portal de 1500 com inspiração militar, ornamentado com o Leão de São Marco (símbolo do Dodge de Veneza) e outros brasões de importantes famílias da região.


Além da construção magnífica, o castelo oferece uma vista panorâmica da cidade de Brescia. Em dias de céu claro e limpo, as montanhas ficam excepcionalmente destacadas.


 Em torno da construção principal, há esse belíssimo jardim.





A grossura da parede nos relembra que esse lugar jamais foi usado como residência e sim como estrutura militar de defesa do território.


Subimos uma das torres para ter essa vista do Monte Maddalena, um dos bairros mais nobres da cidade.

 As pontes levadiças de 1300 e as largas muralhas também protegeram uma prisão militar, mais recentemente no século XIX.



 O jardim superior e sua linda Torre Mirabella, de onde os guardas podiam visualizar as tropas muito antes de chegarem próximo à cidade.



As nossas estradas já tiveram a timidez dos rios e a suavidade das mulheres. E pediam licença antes de nascer. Agora, as estradas tomam posse da paisagem e estendem as suas grandes pernas sobre o Tempo, como fazem os donos do mundo. 

Mia Couto

Verona com a família

Ah, Verona... a cidade do amor, de Romeo e Giulietta! Aproveitamos a trégua no calor, para um dia de passeio intenso pela linda Verona.


Começamos por uma volta com o trenzinho que sai da praça em frente à Arena. Aliás, esse é um passeio que eu recomendo. Custa 5 euros por pessoa e em meia hora você dá uma volta pelos pontos mais bonitos do centro da cidade sem muito esforço - perfeito para quem está acompanhado de idosos ou crianças ou num dia de muito frio ou calor.

Saindo da Piazza Bra, o trem vai em direção á Porta nova e segue para o Castelvecchio, de 1350, antiga propriedade da família Scalla.





Seguindo as ruelas estreitas, passamos pela Porta Borsari e por prédios muito graciosos com o estilo vêneto.




Atravessamos a Ponte Vittoria para ter uma vista do lado oposto do Rio Ádige e suas pontes.


Essa igreja ao fundo da foto é o Duomo de Verona ou Cattedrale di Santa Maria Matricolare, de 1110.



Então passamos rapidamente pela Piazza delle erbe e seguimos para a Chiesa di Sant'Anastasia, de 1290, considerada a igreja mais linda da cidade.





Passamos ainda pela Chiesa di San Fermo Maggiore, do século XI.


 Igreja vista dos fundos (acima) e ao fundo após a ponte.

Meia hora e muitas fotos depois, o trem chega ao ponto de partida passando pelos fundos da Arena. A partir daí, seguimos o roteiro a pé.

 Começando pela arena, o anfiteatro romano mais bem preservado da Itália (apesar de ter sido construído no século I).

Apesar da cidade em si ser grande, o centro histórico é pequeno e fácil de andar a pé. Perca-se pelas ruelas sem medo e você encontrará lindos ângulos dessa cidade encantadora.


Seguindo o "fluxo" você chega exatamente na casa da Giulietta - e pode entrar na fila para tirar a famosa foto que dá sorte no amor!



 Se quiser "agradecer" pela sorte, pode aproveitar para deixar um bilhete coladinho na parede com o nome do seu amado.
Voltamos um pouquinho até a Piazza delle erbe para conferir a ferinha e fazer fotos nesse céu azul incrível.



 Acima, a Fontana della Madonna, do ano de 380. Abaixo, o Palazzo Maffei.

Saindo da Piazza delle erbe pelo Arco della Costa se chega a Piazza dei Signori.

Logo depois do arco, se chega a pequena Chiesa di Santa Maria Antica - que é mesmo antiga, do ano de 1185.


O interior simples da pequena igreja medieval (acima) em contraste com a suntuosa construção funerária, arche scaligere (abaixo), que abrigam os corpos das pessoas mais influentes da família Scalla.

Um pouco além da igreja, em uma ruela à direita, podemos tirar uma foto na placa da casa do Romeo. Mas a casa é particular e não é permitida visitação.


De lá, fizemos uma parada na beira do rio para apreciar a Ponte Pietra, uma relíquia romana de antes de Cristo que ainda é utilizada.


Uffa! Para um dia só, acho que vimos bastante em Verona, não é? 


Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente palavra,
deixou ficar o sentido.

Cecília Meirelles