venerdì 16 marzo 2018

A arte de resolver problemas que você não sabia que existiam

Sim, isso mesmo. Morar em outro países nada mais é do que a arte de resolver problemas que você nem sabia que existiam.
"Ah, mas você mora na Europa, não pode ser tão ruim assim, né?"
Não, não é ruim. Mas é parte importante da adaptação e da sua vida real, aquela de todo dia - beeem longe da realidade do turista.

Por exemplo, ninguém que vem de um país tropical sabe que precisa colocar um aditivo no líquido do limpador do parabrisa para a água não congelar no inverno. E colocar corrente nos pneus? Rezo para nunca precisar colocar uma dessas sozinha na estrada. Juro que vou fechar os vidros, me enrolar no casaco e chorar até achar alguém que coloque pra mim!

Esses dias, depois de uma semana gelada de neve, resolvi limpar a lareira. Tinha - literalmente - um quilo de cinzas!!! Gente, eu nunca tive lareira na vida! Achava que era tipo churrasqueira, que é quase auto-limpante.

E o lixo? ahhh, esse é outro problema que resolvo toda semana e que nem sabia que podia ser tão complicado. Como já contei aqui, no dia-dia, temos CINCO tipos diferentes de lixo: orgânico, plástico, papel limpo, lata e vidro e indiferenciado. Cada coisa que você pega precisa pensar onde vai. De preferência, deve lavar bem antes de colocar no lixo certo, já que vai ficar na sua casa por uma semana (e pode não cheirar muito bem...). Me sinto adulta mesmo é quando não sei onde vai uma coisa e me pego lendo o rótulo para descobrir certinho onde põe!

Sobre a segurança, na cidade onde eu moro, você pode dormir com a chave pelo lado de fora da fechadura ou com o carro aberto (já fiz várias vezes)... maaas deve comprar uma corrente de 30 euros para assegurar que sua bicicleta esteja ali quando você voltar.

Você acha todo tipo de roupa do mundo todo por bons preços, mas vai pedir pra sua mãe trazer uma calça jeans que conheça suas curvas brasileiras ou uma legging que não fique transparente quando você se abaixa.

Em algum momento, vai descobrir que aquele supermercado maravilhoso onde você compra queijo brie e chocolate suíço a preço de banana não tem leite condensado e chocolate granulado. E vai apelar praquele mercadinho chinês de produtos estrangeiros que tem um cheiro estranho...

Os remédios comuns, aqueles pra gripe e dor muscular, têm nomes diferentes. E, claro, você só vai descobrir isso naquele dia em que está com pressa e morrendo por causa de uma mísera gripe.

Você sabia que uma berinjela mofa em três dias na sua fruteira mas dura uma semana na geladeira? Pois é, eu comia todos os dias fora quando morava no Brasil. Hoje cozinho TODAS as refeições e posso te dizer exatamente quanto cada vegetal vive por aqui!

Não são exatamente problemas, são adaptações da vida que você levava e da realidade em que você está. Vale a pena cada perrengue, cada novo aprendizado quando você tem a certeza de que está no lugar certo!

Quero saber da galera expatriada por aí, qual o problema que vocês aprenderam a resolver? 

Pra quem não sabe, brasileiro expatriado é tipo uma gangue ultra secreta. Nós contrabandeamos erva-mate pros amigos gaúchos, trocamos informações secretas sobre a loja que vende faca de serra e fazemos reuniões de caráter duvidoso para falarmos nossa língua ancestral!

venerdì 9 febbraio 2018

É Carnaval em Veneza!


No último domingo, fomos conferir o famoso Carnaval de Veneza! Nada que eu possa escrever aqui dará a real impressão de como é fantástico e mágico!

A origem da festa é super antiga. O primeiro documento a mencioná-la é do Dodge Vitale Falier em 1094! Nele, se fala de uma festa de diversão pública, sendo usada a palavra Carnaval pela primeira vez.

A República de Veneza era um lugar com rígidos padrões morais e o Carnaval se apresentava como uma oportunidade de  fugir das regras e das convenções sociais. Ricos e nobres festejavam junto com pobres empregados e as máscaras e fantasias garantiam que ninguém soubesse a classe social, o sexo ou a religião do folião.

Pouco a pouco, os venezianos aperfeiçoaram as técnicas de fabricação das máscaras. Ao contrário de hoje, onde vemos milhões de máscaras de todos os formatos, eles tinham as suas preferidas:

A bauta é uma das mais antigas. Era endossada por homens e mulheres sob um manto negro com capuz.


Muito antes do bloco dos sujos surgir, homens se fantasiavam de gnaga, ou uma doce senhorita vestida de gatinha...


Entre as mulheres, era muito comum uma máscara chamada moretta. A pequena máscara negra era sustentada por um botão que devia ser segurado com a boca, fazendo com que o personagem fosse mudo e misterioso.


Bom, agora que você já conhece a história, vou contar as coisas práticas e como foi nosso domingo. 
Pra começo de conversar, vá de trem! A estação de Venezia Santa Lucia fica bem no centro da cidade e você pode seguir a pé. Estacionamentos são raros e caros! 
Também recomendo ir com sapatos confortáveis e bem agasalhado, visto que nessa época faz bastante frio e tem muito vento. Uma dica extra é levar um lanchinho e uma água - um café no centro da cidade pode custar até 7 euros!

Já na estação de trem, você começa a ver essas figuras vestidas à carater pra festa!

Saindo da estação e indo em direção à Piazza San Marco, existem vários vendedores de máscaras e maquiadores credenciados. Você pode fazer uma paradinha para entrar no clima da festa!


Na verdade, é impossível não se contagiar com o clima de carnaval! Sejam adultos com suas fantasias elaboradas ou crianças vestidas de super-heróis e princesas, todos são super solícitos e param o tempo todo para os turistas fazerem fotos.













Gostou? Tem mais! Você esqueceu que além das fantasias, a festa é em uma das cidades mais lindas do mundo? Para coroar o dia, estava um céu azul maravilhoso que cobria as marolas dos canais de luz.








Foi incrível e eu recomendo! SIm, a cidade fica um pouco tumultuada e as fotos sempre têm milhões de pessoas junto. Mas é mais do que um passeio, é uma experiência!

Se você não quiser andar tanto ou se preferir uma experiência diferente, pode fazer o trajeto pelos canais. O passeio de gôndola custa 80 euros (podem ir até 4 pessoas) e o de vaporetto (um ônibus/barco) custa 7,50 o trecho ou 20 euros o passe livre para o dia todo. 


Então, se você estiver pensando o que fazer no carnaval no norte da Itália, venha conferir a festa em Veneza. A combinação entre a paisagem incrível e essas fantasias sensacionais é de tirar o fôlego!

venerdì 2 febbraio 2018

A garota finlandesa

Como prometido, começo hoje com uma série de posts feitos por outras pessoas, ou seja, guest posts. A idéia é explorar o ponto de vista de outras pessoas sobre a Itália e sua cultura. Trazer experiência de gente diferente e disposta a confrontar o novo.

A história de hoje é de uma garota finlandesa de 17 anos que veio fazer um ano de intercâmbio em terras italianas. Achei fantástica a percepção dela de como as coisas são tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas. Ela está aqui há oito meses e esse texto já foi escrito em italiano inteiramente por ela!




Abaixo o texto dela, em italiano, seguido da tradução.

"Mi chiamo Viivi e ho 17 anni. Sono finlandese, studio in Italia questo anno come exchenge student in un liceo scientifico e vivo con una famiglia ospitante. Ho scelto l'Italia come destinazione perchè volevo imparare una nuova lingua e perchè mi piace la cultura italiana.

Qui nel nord d'Italia, tante cose sono simili di quelle in Finlandia. In effetti, prima di venirire ho pensato che la vita qui sarebbe più  diversa. Comunque, una cosa che è molto diversa è la scuola. Qui in Italia, la scuola è molto meno libera di quella in Finlandia. Qui gli studenti hanno tanto di più da studiare e fanno meno progetti e lavori di gruppo. Questo è molto strano per me e sembra un modo vecchio.

Anche la posizione delle donne è diversa. Qui ci sono più casalinghe, quando in Finlandia quase tutte le done lavorano anche se hanno bambini perchè l'stato supporta le famiglie. Comunque, anche qui le cose stanno cambiando e le donne lavorano di più.

Anche se ci sono delle cose che non mi piacciono in Italia, sono contenta di essere venuta qui. Le persone sono abbastanza aperti e gentili. Io ho incontratto tante persone simpatiche e la mia famiglia ospitante è bella. Ovviamente anche il cibo italiano è delizioso.

Tutto sommato vi posso davvero raccomandare di andare a fare un scambio, se avete un'opportunita. È una bela esperienza e si impara tanto"


"Eu me chamo Viivi e tenho 17 anos. Sou finlandesa, estou estudando esse ano na Itália como intercambista em um liceo científico (como um segundo grau) e vivo em uma família anfitriã. Eu escolhi a Itália como destino porque gostaria de aprender uma nova língua e porque eu gosto muito da cultura italiana.

Aqui no norte da Itália, tantas coisas são similares àquelas na Finlandia. Na verdade, antes de vir, eu imaginei que as coisas seriam muito mais diferentes do que realmente são. Uma coisa que é muito diferente, é a escola. Aqui na Itália, a escola é muito menos livre e os alunos têm muito mais coisas para estudar e fazem menos projetos e trabalhos em grupo. Isso me parece muito estranho e um pouco antiquado.

A posição das mulheres na sociedade também é diferente. Aqui existem muitas donas de casa, enquanto na Finlandia, quase todas as mulheres trabalham foram, mesmo tendo filhos pois o Estado ajuda as famílias. Mas mesmo aqui as coisas estão mudando e muitas mulheres trabalham.

Ainda que existam coisas que não me agradam, eu sou muito feliz de ter vindo para a Itália. As pessoas são muito abertas e gentis! Todos que encontrei foram simpáticos e a família que me recebeu é maravilhosa. Obviamente, a comida italiana também é maravilhosa!

Analisando tudo, posso realmente recomendar à vocês de fazerem um intercâmbio. É uma experiência fantástica e se aprende muito."

Curtiram? De onde será que vem nosso próximo guest?


giovedì 25 gennaio 2018

Muito além das grandes metas

Como todo mundo já deve ter lido, eu fui reconhecida italiana há pouco tempo e hoje recebi, finalmente, minha carteira de identidade. Mas eu resolvi escrever não sobre os grandes marcos na vida do expatriado e sim sobre o que realmente conta, as pequenas vitórias de todos os dias.

Se você acha que as grandes memórias serão apenas do dia em que você embarcou no avião para mudar de continente ou do dia em que saiu sua cidadania, você está enganado. Quando olho pra trás, enxergo pequenas conquistas que, muitas vezes, foram mais significativas do que grandes mudanças.

Pra quem, como eu, já está fora do Brasil, eu sei que essa afirmação faz algum sentido. Você nunca esquece quando conseguiu se comunicar pela primeira vez sem gaguejar, quando aprendeu finalmente o que era aquela comida com nome estranho no supermercado ou o dia em que entendeu do começo ao fim uma notícia na televisão. 

Além da língua, habituar-se à cultura e à burocracia do país leva um certo tempo e demanda um pouco de esforço. Quem aí não se sente um maratonista quando consegue juntar todos os documentos necessários pra abrir uma conta no banco? Ou para pedir a carteira de motorista? Aquela felicidade que dá quando você finalmente entende o funcionamento da coisa.

Sim, existem dias em que parece que todos os seus esforços foram inúteis. Todas as palavras que saem da sua boca são incertas e você é capaz de jurar que esqueceu o seu próprio nome. Algumas vezes, nosso cérebro parece pregar uma peça para que você não esqueça que ainda tem um longo caminho a percorrer.

E é assim, meio cambaleando, que seguimos em frente. Afinal, somos como crianças aprendendo a andar em um mundo completamente novo. Apesar de serem os nossos olhos, usamos as lentes da cultura de outro povo; apesar de serem nossas pernas, os labirintos que devemos percorrer são completamente novos!

Você quer saber se é difícil? SIM! É difícil, cansativo e trabalhoso. Mas o que importa é que, mesmo assim, ainda é recompensador e totalmente incrível! Você aprende todo dia que é capaz de se superar, de ser uma pessoa melhor e de alcançar metas que nem sabia que eram possíveis.

Como eu sou uma apaixonada por essa capacidade de mudar das pessoas e por suas histórias, a partir de hoje, aqui no blog vai rolar uma série de "guest posts" onde algumas pessoas convidadas vão contar suas histórias de expatriados. Eu estou super animada com esse projeto e espero que vocês gostem da idéia tanto quanto eu!

lunedì 22 gennaio 2018

Ponte di Legno - ski, boa comida e diversão!

Ponte di Legno é o comune mais ao norte da província de Brescia e sempre ouvimos falar que é uma cidade muito charmosa. Ela fica no alto das montanhas e tem uma estação de ski bem famosa por aqui, por isso fomos lá conferir.


Embaixo dessa pracinha (acima), que fica bem no coração da cidade, tem um estacionamento público (isso mesmo, de graça!) (Parcheggio Piazzale Europa), onde você pode deixar seu carro e sair tranquilo pra conhecer o lugar e até mesmo pra esquiar, se for o seu caso.


Antes de se aventurar nas montanhas, recomendo um passeio pelo centro da cidade. A arquitetura típica de montanha e o ar de cidade do interior encantam qualquer turista. A cidade de menos de 2 mil habitantes, tem um centro com várias opções de restaurantes e cafés, além de inúmeros pequenos hoteis.


Embora tenhamos saído de Brescia com  agradáveis 7 graus, chegamos lá com -4 graus! Pelas fotos, você vê que a neve já estava acumulada ali há alguns dias, o que foi providencial, já que não queríamos pegar neve na estrada. Por falar nisso, se o seu plano for ir de carro, vá sem medo! As estradas estavam totalmente limpas. Outra dica boa é o site da prefeitura da cidade que têm webcams que monitoram toda a região.


Resolvemos almoçar no centro antes de subirmos as montanhas. Aliás, se você quiser economizar, faça o mesmo! No alto das montanhas, perto das estações de ski, os preços tendem a serem sempre mais altos.


Escolhemos o restaurante Al Tabià. A atmosfera é muito acolhedora, totalmente imersa no clima da montanha. Você pode escolher entre vários pratos do cardápio além de um bela seleção de pizzas. A conta ficou em torno de 30 euros para nós dois. Se o seu orçamento para o passeio for mais limitado, você encontra, na via 24 de maggio, uma piadineria chamada Punto Fermo. Lá, duas piadinas e duas bebidas vão sair por cerca de 15/20 euros.


Devidamente abastecidos, hora de conferir a neve de verdade! 

Seguindo até a base das montanhas, você tem várias opções... Sua escolha vai depender se você pretende esquiar ou se só quer mesmo dar uma volta na região. 

Se quiser provar uma coisa diferente, existem vários lugares onde você pode alugar roupas e equipamento de ski na cidade. Os preços começam em 15 euros para o aluguel de 1/2 dia de roupa, botas e equipamento básico de ski. Uma aula de uma hora custa em torno de 40 euros pra uma pessoa ou 50 para duas.

Como minhas habilidades motoras são um pouco limitadas (e eu já me esborrachei no chão numa pista de patinação no gelo PARA CRIANÇAS), resolvemos ficar na opção menos perigosa.

Na base do cabinovia (bondinho ou teleférico que sobe a montanha), você compra o ticket e pode escolher ida+volta, só ida ou passe livre para o dia todo para você ficar subindo e descendo de ski. O ticket ida+volta+ônibus que faz um pequeno tour fica 6 euros por pessoa.


 As cabines são fechadas (quentinhas!) e transparentes. Possuem bancos no seu interior e lugar para transportar seus skis. Ela não chega a parar para você entrar, mas vai numa velocidade muito lenta. O percurso é lindo! Realmente vale a pena.


Chegando na primeira plataforma, descemos e pegamos um ônibus que nos levou até Passo del Tonale. A cidade fica à 1880 metros e gira em torno do turismo de inverno. 


Apesar do dia lindo, estava MUITO frio! Um vento super gelado que fazia a sensação térmica desabar! 


Nesse ponto, existem muitas atrações. São inúmeras pistas de ski, snowboard, brinquedos para crianças, hotéis e pequenos restaurantes. 
Se o seu plano for aproveitar tudo isso, chegue antes do meio dia para aproveitar a parte "mais quente" do dia. Perto das 15hs, o sol começa a se esconder e não dá pra aguentar!!

Para fechar o dia com chave de ouro, o que você acha de uma parada pra um chocolate quente? A padaria e confeitaria Salvetti é o lugar perfeito. Além de café e chocolate quente, eles têm sucos feitos na hora (raridade por aqui), sanduiches, milhões de pães e doces.




giovedì 11 gennaio 2018

Cidadania italiana em Bréscia

Esse é um dos posts mais aguardados dos últimos tempos: hoje fui reconhecida cidadã italiana! Vou escrever aqui como foi e os percalços que encontrei para que vocês vejam que é possível fazer sozinho.



Por curiosidade, algum tempo atrás, eu já tinha levantado minha árvore genealógica e tinha ouvido sobre alguns primos que haviam feito o processo. Mas comecei mesmo a pôr a mão na massa em dezembro de 2016, quando descobri que não existia limite de geração para obtenção de cidadania italiana.

Meu antenato, meu trisnonno Antonio da Correggio, facilitou muito as coisas pra mim! Desde que ele chegou ao Brasil, em 1887, todos os seus descendentes nasceram e morreram na mesma cidadezinha no interior de Santa Catarina, chamada Grão Pará. A funcionária do cartório (todo meu amor pra a Silvana!) agilizou tudinho, até mesmo um registro tardio de óbito (que constava no registro mas não aparecia no livro) que foi feito pelo próprio cartório no Ministério Público e levou cerca de um mês.

A certidão de nascimento do meu antenato, estava na cidadezinha de Casale di Scodosia, em Padova. Fiz a solicitação por email e recebi aqui na minha casa cerca de um mês depois.

Em março de 2017, já tinha levantado todas as certidões e enviei para tradução e apostilamento. Curiosamente, a certidão que tive mais dificuldade de conseguir foi a minha própria! Quando cheguei ao cartório e pedi uma certidão de nascimento em inteiro teor fez-se um banzé porque havia uma bendita anotação posterior ao meu nascimento! Usei todo o meu charme (e cara de gato de botas) para convencê-los de que eu sabia o que tinha escrito ali e não seria nenhuma surpresa... (Abaixo o gif com a cara de gato de botas que foi muitíssimo últil durante várias etapas do processo!)




Como são muuuuitas certidões, levou um tempinho para aprontar tudinho - recebi aqui em casa, por DHL, em junho de 2017.

Dia 20 de junho de 2017, fui até o comune de Brescia (cidade onde tenho residência registrada desde dezembro de 2016) e entreguei todos os documentos. A funcionária responsável, que sempre foi educadíssima, recebeu tudo e disse "me dê um telefone que quando eu acabar de analisar, ligo para você vir aqui". Uma das coisas que pode ter feito meu processo caminhar mais devagar, foi que eu tenho um Permesso di Soggiorno com 5 anos de validade por ser casada com um italiano e como a própria funcionária falou, não teria pressa por estar legal no país.

Voltei pra casa e esperei. Esperei. Esperei. Eles me ligaram em setembro. Isso mesmo, levaram TRÊS meses para avaliar meus papéis. E isso não foi o pior! Eles descobriram que faltava uma variação do meu sobrenome no Certificado de Não Naturalização do meu antenato!

Eu o fiz instantâneamente pela internet e me propus a mandar traduzir aqui na Itália para ser mais rápido. Só que não! Em função do apostilamento, o documento teve que ser traduzido e apostilado no Brasil para, só então, ser enviado pra mim. Bom, mais um mês de espera.

Finalmente, em 30 de outubro de 2017, assinei a Richiesta di Riconoscimento! Faltava aguardar a NR de Curitiba e o OK do comune de origem do meu antenato. Foi aí que eu aguardei. Aguardei e aguardei.

E para finalizar bem essa história, hoje, dia 11 de janeiro de 2018, assinei minha certidão de nascimento italiana! 

Bom, você aí não quer que eu conte de como eu fiquei feliz e mandei fotos pra família toda, não é? Vamos às praticidades!

Quanto custou?

  • 12 Certidões em inteiro teor - 12 x R$ 34,55
  • 12 Reconhecimentos de firma do escrivão - 12 x R$ 4,90
  • Certificado de Não Naturalização ou CNN - feito online grátis
  • Certidão de nascimento italiana do meu antenato - grátis
  • 13 Traduções juramentadas (as 12 certidões de nascimento/casamento/óbito + a CNN) + SEDEX Curitiba/ Florianópolis - R$ 1380
  • 26 Apostilamentos (13 certidões e 13 traduções)- 26x R$ 34,85
  • Duas marca da bollo de 16 euros (uma para a Richiesta e o outra para a certidão de nascimento) - 32 euros
TOTAL:  R$ 2759,50 + 32 euros

Obs.: Não incluí na conta as duas vezes que usei DHL para enviar os documentos.

Sobre o comune de Brescia:
  • As duas funcionárias do ofício de reconhecimento de cidadania iuris sanguinis são fantásticas e muito educadas.
  • Apesar de a cidade ter 200 mil habitantes, elas estão super sobrecarregadas com muitas solicitações de cidadania (a maioria brasileiros).
  • Não falei sobre a visita do vigile porque já era residente e ele já tinha passado na minha casa quando dei entrada no processo. 
  • Eles aceitaram as certidões com pequenos erros de grafia dos nomes - Dacoregio, Dacorreggio, da Correggio, Moisés, Moyzes, etc - SEM retificação judicial.
  • Eu entreguei todas as certidões, inclusive as de óbito.

Profissionais que me ajudaram:
  • Tradução juramentada (bem feita e em tempo récorde!) - Luiz Fernando Picolotto luiz.picolotto@gmail.com 
  • Reconhecimentos de firma e apostilamentos - Cartório Maria Alice em Florianópolis, telefone 48 3234-0003
  • No caso, sou obrigada a pôr a minha mãe, Rozeli, na lista. Já que foi ela que fez TUDO com muia eficiência! Vocês até podem tentar suborno, mas pra mim ela cobrou um preço bem salgado em beijos e abraços!  
Próximos passos:
  • Hoje saí do comune com três documentos: certificato di nascita, estratto per riassunto dell'atto di nascita e certificato di matrimonio.
  • Nas próximas semanas, agendei para fazer o passaporte e a carteira de identidade. Conto como foi cada etapa depois!
Espero ter escrito tudo direitinho! Se quiserem perguntar alguma coisa, fiquem à vontade!


domenica 7 gennaio 2018

Befana e epifania!


Ontem, sábado, dia 6 de janeiro, é comemorado o dia de reis (e também o aniversário do meu sogro querido!)! Aqui na Itália esse dia é conhecido como Epifania e é nesse dia que a bruxa Befana enche de doces as meias das crianças boazinha - e de carvão àquelas que não foram tão obedientes...

Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? Na verdade, nada! 

Epifania significa aparição em grego e é sempre ligada às manifestações divinas. Com esse sentido, a palavra apareceu na tradição cristã: primeiro ligada ao nascimento de Jesus, depois ao seu batismo por João Batista e ainda pelo milagre do casamento de Caná; porque esses dois últimos episódios mostram pela primeira vez a natureza divina de Cristo.

Hoje em dia, no entanto, a Epifania festeja a chegada dos sábios do Oriente com seus presentes ao menino Jesus (ouro, incenso e mirra). O batismo de Jesus é comemorado no primeiro domingo depois da Epifania.

A escolha do dia 6 de janeiro, 12 dias depois do Natal, estaria ligada ao significado mágico atribúido ao número 12 e ainda para marcar o fim das celebrações do solstício e do culto à Mitra, que iniciam no dia 25 de dezembro.

A Befana, por outro lado, vem de uma tradição completamente diferente. A senhora que voa em uma vassoura deriva do culto da Roma antiga da deusa Diana, protetora dos bosques e da natureza, onde mulheres voadoras espalhavam prosperidade e fertilidade aos campos cultivados.

Essa tradição se espalhou em toda a península italiana durante a idade média,  adotando ainda fogos de artifício e fogueiras como seu símbolo. Recentemente, o sucesso é atribuído ao fascismo e a "Befana fascista" instituída em 1928: uma grande festa para as crianças que fortalecia essa e outras tradições italianas. Na maioria dos outros países, no entanto, associam a Epifania somente à chegada do Reis Magos, à excessão da Perchta ou Berchta, uma mulher as vezes linda e jovem, outras velha e feia, que sobrevoa a região dos Alpes, da Suiça à Baviera e Áustria, levando doces às crianças.

Na Espanha, a figura da bruxa não existe, e são os reis magos à trazerem doces e presentes às crianças comportadas. Nos países Anglosaxões, a única semelhança com essa cultura é a meia na lareira que, ao contrário dos doces da Befana, recebem os presentes do Papai Noel.

E aí? O que a Befana trouxe pra vocês?